segunda-feira, 28 de setembro de 2009

ANIVERSÁRIO DO DEPÓSITO PASSOU EM BRANCO

Em agosto, o Depósito de Teatro esteve de aniversário. Quantos anos fez? Difícil de saber como contar. A semente de um grupo começou em 1996 com as peças do Plínio Marcos que foram encenadas no Teatro de Arena no ano seguinte. Em agosto de 1998 alugamos um prédio na Av. Benjamin Constant, 1677, que foi transformado no nosso teatro. Espaço aberto, independente e alternativo, totalmente custeado por um grupo de pessoas dispostas a dar aulas gratuitamente em troca de um lugar fixo para ensaiar e apresentar seus espetáculos. Um bom preço para não concorrer mais nos editais da Prefeitura (imaginem o quanto a Prefeitura economiza com nossa ousadia). Em 2006, recém passado o agosto terrível em que fomos roubados por nossa produtora Letícia de Abreu Pereira Guimarães, cuidado, foi condenada a um ano e quatro meses, mas anda solta por aí. Ela nos roubou 30 mil reais em um ano e oito meses de trabalho. Esta quantia para um grupo de teatro representa uma fortuna. Ainda mais, que ela nos roubou também coisas invisíveis que não sabemos estimar, mas o fato é que começa aí a derrocada do grupo e do seu espaço.
Em agosto de 2008 o Depósito fechou definitivamente suas portas. Os prédios da Câncio Gomes foram devolvidos aos seus proprietários com todas as melhorias que conseguimos fazer. E não foram poucas. Novamente, me senti um verdadeiro e único otário, que só não era o único porque havia outros parceiros de grupo tão otários quanto eu. O fator determinante foi um golpe aplicado pela Funarte, que nos deu um calote de 180.000 reais depois de nós havermos pago os 30.000 mil que eles nós cobraram exemplarmente. O homem de teatro e dono de casa de teatro, o grande Celso Frateschi, amigo dos grupos e das rodas influentes, na época presidente todo-poderoso da instituição, não nos recebeu, não moveu uma palha para conhecer mais de perto o assunto.
Gosto de inculpar o Celso Frateschi, tanto porque parece que eu preciso imputar a culpa a alguém, mas também, porque ele era o que mais poderia ter feito e não fez. Lavou as mãos. Mas, o Sergius Gonzaga também poderia ter feito mais do que fez e não fez. O Luciano Alabarse também poderia ter feito mais do que fez. A Claúdia D'Mutti poderia ter feito mais e não quiz fazer. Os grupos de teatro poderiam ter feito mais do que fizeram e não fizeram nada. As pessoas de teatro. Todos os que estavam ao nosso redor. Não foi só o Celso Frateschi que ignorou nossa existência, mas foi ele que atirou uma pá de cal, danando-se com o que poderia acontecer.
O que veio a acontecer todos ja sabem: fechou o que um dia seria o Espaço Cultural Depósito de Teatro e dissolveu-se o grupo Depósito de Teatro. Aqueles que ainda não haviam saído durante o ano de 2007, abandonaram o grupo no ano seguinte. Alguns ajudaram a fechar as portas, outros nem isso. O ano do décimo aniversário foi o ano do fracasso total. Não havia o que ser comemorado.
E este ano? Encarar como o décimo-primeiro ano? Décimo-primeiro ano de quê? Na verdade, deveria ser comemorado o primeiro ano de alguma coisa. O primeiro ano sem o Depósito de Teatro. Mas se é sem, não tem porque comemorar. Mais uma vez, mais um ano sem motivo para comemorações.