
Em agosto de 2008 o Depósito fechou definitivamente suas portas. Os prédios da Câncio Gomes foram devolvidos aos seus proprietários com todas as melhorias que conseguimos fazer. E não foram poucas. Novamente, me senti um verdadeiro e único otário, que só não era o único porque havia outros parceiros de grupo tão otários quanto eu. O fator determinante foi um golpe aplicado pela Funarte, que nos deu um calote de 180.000 reais depois de nós havermos pago os 30.000 mil que eles nós cobraram exemplarmente. O homem de teatro e dono de casa de teatro, o grande Celso Frateschi, amigo dos grupos e das rodas influentes, na época presidente todo-poderoso da instituição, não nos recebeu, não moveu uma palha para conhecer mais de perto o assunto.
Gosto de inculpar o Celso Frateschi, tanto porque parece que eu preciso imputar a culpa a alguém, mas também, porque ele era o que mais poderia ter feito e não fez. Lavou as mãos. Mas, o Sergius Gonzaga também poderia ter feito mais do que fez e não fez. O Luciano Alabarse também poderia ter feito mais do que fez. A Claúdia D'Mutti poderia ter feito mais e não quiz fazer. Os grupos de teatro poderiam ter feito mais do que fizeram e não fizeram nada. As pessoas de teatro. Todos os que estavam ao nosso redor. Não foi só o Celso Frateschi que ignorou nossa existência, mas foi ele que atirou uma pá de cal, danando-se com o que poderia acontecer.
O que veio a acontecer todos ja sabem: fechou o que um dia seria o Espaço Cultural Depósito de Teatro e dissolveu-se o grupo Depósito de Teatro. Aqueles que ainda não haviam saído durante o ano de 2007, abandonaram o grupo no ano seguinte. Alguns ajudaram a fechar as portas, outros nem isso. O ano do décimo aniversário foi o ano do fracasso total. Não havia o que ser comemorado.
E este ano? Encarar como o décimo-primeiro ano? Décimo-primeiro ano de quê? Na verdade, deveria ser comemorado o primeiro ano de alguma coisa. O primeiro ano sem o Depósito de Teatro. Mas se é sem, não tem porque comemorar. Mais uma vez, mais um ano sem motivo para comemorações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário