domingo, 8 de junho de 2008

98 - UMA AVENTURA NAS ÁRVORES - OS ENSAIOS

No início do mês de março, confirmado o financiamento do Fumproarte, que entendeu a importância teatral da proposta, com data de estréia marcada para o final de abril, começou a gigantesca e louca aventura de construção do texto e do que viria a ser o espetáculo "O Barão Nas Árvores da Redenção". O complemento no título foi uma sugestão da representante da SBAT para que escapássemos de recolher uma pequena fortuna exigida pelos detentores dos direitos do Ítalo Calvino, autor do romance "O Barão nas Árvores", que junto com "O Cavaleiro Inexistente" e "O Visconde Partido ao Meio" formam a trilogia "Os Nossos Antepassados". Este último, aliás, foi encenado pelo Grupo Galpão, com direção de Cacá Carvalho, alguns anos após o nosso Barão.
Desde o princípio ja sabíamos que todo trabalho de montagem, todos os ensaios, toda a produção, seria apenas para realizar oito míseras apresentações, mas isso não diminuia nem um pouco a energia que colocamos no projeto. Éramos 30, 40 pessoas envolvidas por inteiro na realização da peça. Eu e a Patrícia Fagundes dividimos os capítulos de livro e íamos adaptando e trocando idéias sobre o espetáculo, sobre a concepção das cenas e da peça. Foi um processo riquíssimo. As cenas era passadas aos os atores quase que diariamente. As coisas iam se sucedendo simultaneamente. O espetáculo sendo criado a cada dia de ensaios e a cada noite de escrita. Era a primeira vez que eu trabalhava com a dramaturgia de um espetáculo. Uma verdaderia epopéia é adaptar um romance para o teatro. Ainda mais quando Calvino criara um romance onde acontecia uma sucessão incansável de acontecimentos extremamente encadeados. Sacrificamos muitas cenas lindas do livro e ainda assim o espetáculo ficou longo. Mas tinha que ser assim. Ele (o espetáculo) tinha uma imensa variedade de formas e estilos, apresentava uma gama enorme de surpresas do início ao final da peça, cuja história principal se passava em cima das árvores. Foi uma loucura transpor o texto e as cenas para o teatro. Mas, a prática dos ensaios e improvisações dos atores ia alimentando a escrita do texto e vice-versa.
Os ensaios aconteceriam no próprio local. O ponto de encontro era o Recanto Europeu. O elenco contava com 10 atores pricipais, 20 atores 1,99, dois cavalos da BM, e três músicos, que ficavam ultra indignados porque sempre eram nomeados depois dos cavalos. Mas a música é um capítulo à parte na composição do espetáculo. Aliás, cá entre nós teatreiros, via de regra, a música quase sempre é um problema `a parte na composição de um espetáculo. É ou não é?

Nenhum comentário: