
Desde o princípio ja sabíamos que todo trabalho de montagem, todos os ensaios, toda a produção, seria apenas para realizar oito míseras apresentações, mas isso não diminuia nem um pouco a energia que colocamos no projeto. Éramos 30, 40 pessoas envolvidas por inteiro na realização da peça. Eu e a Patrícia Fagundes dividimos os capítulos de livro e íamos adaptando e trocando idéias sobre o espetáculo, sobre a concepção das cenas e da peça. Foi um processo riquíssimo. As cenas era passadas aos os atores quase que diariamente. As coisas iam se sucedendo simultaneamente. O espetáculo sendo criado a cada dia de ensaios e a cada noite de escrita. Era a primeira vez que eu trabalhava com a dramaturgia de um espetáculo. Uma verdaderia epopéia é adaptar um romance para o teatro. Ainda mais quando Calvino criara um romance onde acontecia uma sucessão incansável de acontecimentos extremamente encadeados. Sacrificamos muitas cenas lindas do livro e ainda assim o espetáculo ficou longo. Mas tinha que ser assim. Ele (o espetáculo) tinha uma imensa variedade de formas e estilos, apresentava uma gama enorme de surpresas do início ao final da peça, cuja história principal se passava em cima das árvores. Foi uma loucura transpor o texto e as cenas para o teatro. Mas, a prática dos ensaios e improvisações dos atores ia alimentando a escrita do texto e vice-versa.
Os ensaios aconteceriam no próprio local. O ponto de encontro era o Recanto Europeu. O elenco contava com 10 atores pricipais, 20 atores 1,99, dois cavalos da BM, e três músicos, que ficavam ultra indignados porque sempre eram nomeados depois dos cavalos. Mas a música é um capítulo à parte na composição do espetáculo. Aliás, cá entre nós teatreiros, via de regra, a música quase sempre é um problema `a parte na composição de um espetáculo. É ou não é?
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